O ARCANO TREZE - o temível arcano maior A Morte. Tirei uma carta aleatoriamente como todo mundo gosta de fazer, alguns fazem até com as sagradas escrituras, a Bíblia, folheiam o livro e abrem ao acaso, passam o dedo e param: leem um versículo e está feito o oráculo sagrado. Primeiro achei que iria pedir luz (resposta) para uma questão específica, depois pensei melhor e achei mais interessante fazem algo maior, abrir o horizonte para uma mensagem geral para mim mesmo. Duas coisas não recomendadas, uma porque a pergunta deve ser o mais precisa e objetiva possível para se ter uma resposta igualmente mais precisa e objetiva e outra porque a auto-leitura, a auto-interpretação e a auto-consulta do tarot não é recomendado. Mas, quem nunca? Digo pela experiência de 25 anos manuseando as cartas de tarot. Achei auspicioso essa cartas sair, saltar do meios das suas irmãs, e sorrir para mim bem faceira como se fosse a mais desejada, confesso que esperava algo mais brilhante e positivo como a carta d’O Sol. Minha carta de batismo, sobre isso conto em outra ocasião. Vamos lá, aceitei como se deve aceitar a carta tirada, colocar de volta e tirar outra seria trapacear no tarot, e isso não se faz sob pena de maldição, do tipo, sete anos sem transar. Cruzes. De cara lembrei que esse horizonte aberto abarca a intenção de voltar a escrever sobre tarot na internet e assim contribuir de alguma forma com as minhas reflexões e o pouco conhecimento que adquiri nesse tempo que estudo tarot, se comecei dar consultas em 1995, estudo desde sempre, na verdade meu interesse começou quando tinha uns 7 ou 8 anos, fascínio por cartomancia e cartomantes, mas minha curiosidade foi reprimida, minha mãe não viu com bons olhos um filho interessado em ocultismo. Mas aos 15 anos consegui sozinho e sem alardear ir atrás do conhecimento e não parei nunca. O que sou? Um estudante de tarot. E assim serei sempre, estudar e meditar os mistérios dos arcanos é a minha missão. Por isso acho importante compartilhar e colocar esse conhecimento a serviço das pessoas que buscam evolução e progresso, seja espiritual ou material. O arcano treze é entre tantas coisas renascimento, transformação, mutação, renovação, gosto de: reconfiguração ou re-formatação. Depois vamos ao significado que acho mais conveniente ao treze num leitura. Lá nos meus primórdios de tarólogo, idos dos anos 90, não tínhamos internet e nem imaginávamos que um dia teríamos redes sociais, os veículos para se chegar às pessoas eram a televisão, o rádio e os jornais impressos. No rádio nunca estive, no jornal um pouco, mas foi na televisão que tive uma presença mais marcante, jovem, idealista, ambicioso e cheio de respostas para dar, com menos de 25 anos assumi um quadro num programa de televisão vespertino em Londrina, no programa da Mafalda, um programa de variedades e entrevistas que ia ao ar de segunda à sexta e tinha uma audiência muito boa. Uma vez por semana lá estava eu no ar ao vivo por uns 10 minutos, o que é um tempo razoável para a televisão, atendendo pessoas que ligavam e faziam sua pergunta, tudo ao vivo, ouvia-se a voz da pessoa fazendo a pergunta, normalmente eu trocava umas palavras com a pessoa e então tirava umas três cartas. Eu não me preparava, não tinha como, era tudo ao vivo, então a consulta acontecia de fato. Depois de algum tempo com o quadro eu já estava dominando o espaço a ponto da apresentadora deixar o estúdio quando eu estava no ar, foi num desses dias que uma senhora ligou e fez uma pergunta de sentido amplo e genérico. Havia uma câmera fixa e ficava de frente para mim e outra móvel que um cameraman carregava, ele se posicionava atrás de mim para mostrar as cartas que saiam para a pessoa. A senhora em questão fez a pergunta e como de costume falou a idade, já era idosa. Eis que a primeira carta que sai foi o arcano 13, A Morte. Eu tinha um microfone de lapela, então tudo que dissesse ou sussurrasse sairia no ar, mas o cameraman não tinha microfone, não aparecia, quando ele visualizou o treze na tela, se abaixou e perguntou baixinho: “a velha vai morrer?”. Claro, caberia uma explicação, que por sinal deve ter sido dada, mas aquela pergunta quase me causou um ataque de risos. O acontecido ficou tatuado na minha memória, sempre que o treze sai, lembro desse episódio que entrou para a minha biografia, não que pretenda escrever uma, mas é um fato memorável. No início dos 2000 fui para a internet, primeiro com um site e depois para um blog, este último era divulgado pelo respeitadíssimo Clube do Tarô, do igualmente respeitável Constantino que me recomendava como tarólogo em Curitiba, cidade onde vivo desde 2006. Há alguns anos tirei meu blog da web e agradecido pedi ao Clube do Tarô que deixasse de me recomendar. Esses dias reflexivos deste tempo ímpar que está sendo a pandemia do coronavírus despertou em mim o desejo de escrever novamente sobre o tarot. Eu sei que escrever não está na moda, faz tempo que se tornou last season, o negócio hoje é por a cara no Sol, na câmera, e gravar vídeos, stories e dizer as coisas e tal. Mas escrever é mágico para mim, funciono melhor escrevendo. Então é assim que vai ser, posts escritos, textos longos, tão longos que nem cabem num postagem do Instagram, então, começa a ler lá e se gostar vai por blog onde o texto está hospedado e pode ser lido na íntegra. Portanto, não está nos meus planos fazer live, mas quem sabe um dia. Então o treze é isso, uma nova incursão na internet, uma história de mais 20 anos, uma energia de renovação? Agora sim, vamos ao que penso do arcano. Sem dispensar as possibilidades das tantas interpretações positivas que implicam em renascimento, renovação, transformação, desapego etc etc e tal, acho que o teor da carta é de azar mesmo, um baita revés, talvez pior que do arcano A Torre, a carta da casa caiu pra você, baby. No dezesseis ainda sobram os destroços, ainda se pode tentar reconstruir, mas no treze cabeças vão rolar. Afinal, ninguém está interessado em perder, ver escorrer pelas mãos o que se tem, em ver o amor da vida ir embora. A carta fala em mudança, mas a mudança é para o campo do incerto, do tipo, tudo o que você tem está indo embora e algo novo vai vir pela frente, mas não se sabe o quê e nem quando, então: você que lute, porque a chapa vai esquentar pro seu lado, fica esperto e se vira, o carrossel parou e agora a coisa ficou feia, corre que o bicho vai pegar. Okay. Não parece o melhor presságio para começar algo, mas é o que temos para hoje. No filme O Violino Vermelho, logo no começo, a uma leitura de tarot, a velha senhora interpreta cinco cartas, a última delas é o treze, o arcano A Morte, nela a cartomante vê muito dinheiro, muuuito dinheiro. Não vou dar spoiler, apenas recomendo que você assista o filme. É claro que numa leitura não interpretamos as cartas isoladamente, elas como num quebra-cabeça se encaixam com as cartas próximas e aí está a arte do tarot, ler cartas, interpretar os arcanos e desvendar os mistérios através do véu de Isis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário